TÓQUIO — A imagem que dominou o noticiário desta terça-feira no Japão resume os temores que tomaram conta da região diante das ameaças de ataque da Coreia do Norte: baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio para proteger a capital. O sistema Patriot PAC-3 está posicionado ao redor do Ministério da Defesa, e a ordem é derrubar qualquer míssil que ameace o território japonês. Duas unidades militares também receberam baterias antiaéreas nos subúrbios, como medida de precaução.
Japão, Coreia do Sul e EUA temem que Pyongyang realize a qualquer momento um teste com mísseis balísticos em represália às sanções da ONU. O ministro da Defesa japonês, Itsunori Onodera, informou que navios equipados com radares Aegis e interceptadores também estão posicionados nas proximidades da Península Coreana. Autoridades acreditam que os norte-coreanos se preparam para testar mísseis Musudan, de médio alcance, com capacidade para atingir o Japão.
- A Coreia do Norte continua mantendo suas provocações e devemos tomar medidas com calma, em cooperação com outras nações. Acreditamos que é essencial implementar as sanções. O governo do Japão vai tomar todas as precauções possíveis para proteger a segurança e a vida do povo japonês - avisou o primeiro-ministro Shinzo Abe.
Não é a primeira vez que o país instala baterias antimísseis para se proteger de lançamentos norte-coreanos, embora elas nunca tenham sido usadas. Em dezembro, quando Pyongyang anunciou que lançaria um satélite - manobra interpretada como um teste de mísseis - o governo japonês também deu ordem para reagir a qualquer ameaça. A crise agora, no entanto, é mais grave. Os interceptadores de mísseis só seriam acionados em caso de emergência, mas analistas temem que um erro de cálculo provoque a explosão de um confronto.
Apesar de a Coreia do Norte não dar trégua em sua retórica belicista, oficiais sul-coreanos afirmam que não há sinais de movimentação de tropas no lado comunista da península, onde há 1,2 milhão de soldados. Em Tóquio, não há clima de pânico e a maior parte dos observadores acredita que a promessa de bombardear bases americanas no Japão, entre elas a de Okinawa, faz parte da propaganda de guerra que ajuda a manter a ditadura.
- A possibilidade de a Coreia do Norte iniciar uma guerra é praticamente nula. Não há informações vindas de Pyongyang que sustentem essa impressão. Mas um acidente poderia ocorrer - advertiu o jornalista Yoji Gomi, do jornal “Tokyo Shimbun”, autor de um livro sobre Kim Jong-nam, o filho mais velho do falecido ditador Kim Jong-il, que foi preterido na sucessão.