Yasser Arafat pode ter sido envenenado, diz al-Jazeera:
RIO - Oito anos depois, os motivos da morte do líder palestino Yasser Arafat continuam sendo um mistério. Nesta terça-feira, novos testes parecem ter chegado perto de concluir o caso. Segundo a TV árabe al-Jazeera, polônio radioativo foi encontrado nos pertences do ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), no que seria um indício de que o líder fora envenenado.
A cena de um Arafat moribundo rodou o mundo durante semanas. Primeiro, o líder adoecido foi tratado em sua casa cercada por tanques israelenses, em Ramallah. Depois foi levado para um hospital militar em Paris. Na época, rumores diziam que o líder poderia ter morrido de câncer, cirrose ou ainda em decorrência do vírus HIV.
A investigação da al-Jazeera, no entanto, coloca os boatos abaixo. Depois de nove meses, a TV conseguiu provas de que Arafat estava em boa saúde quando de repente adoeceu, em outubro, de 2004. Segundo cientistas em Lausanne, na Suíça, níveis muito altos de polônio radioativo foram encontrados nos pertences do líder palestino, em alguns casos a incidência de material radioativo estaria dez vezes além do permitido.
Outros testes, conduzidos entre março e junho, mostraram ainda que a maioria do polônio encontrado nas roupas e objetos de Arafat - como em sua escova de dente - não vinha de fontes naturais. Os pertences analisados continham marcas de sangue, saliva, suor e urina do líder palestino.
Pouco se sabe sobre as consequências deste elemento químico na saúde humana. Pelo menos, duas pessoas ligadas ao programa nuclear israelense teriam morrido infectadas por polônio, mas sua vítima mais famosa é o espião russo dissidente Alexander Litvinenko, que morreu em 2006, em Londres.
Entre os sintomas do envenenamento por polônio, estariam diarreia, perda de perda e vômito, os mesmos males que Arafat sofreu em suas últimas semanas de vida.
- Eu posso confirmar que nós medimos uma amostra inexplicável e elevada de polônio-210 nos pertences de Arafat que continuam marcas de fluídos biológicos - disse o médico François Bochud à al-Jazeera.