HONG KONG - Após denúncias do diário “New York Times” sobre o suposto enriquecimento obscuro da família do primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, o Partido Comunista do país iniciou um inquérito interno para apurar como o líder e seus familiares teriam supostamente acumulado uma fortuna desde que o político chegou ao poder. Segundo o diário “South China Morning Post”, o próprio premier teria solicitado a abertura da investigação, em um aparente movimento para provar sua inocência.
O Comitê Permanente de Politburo - o mais alto órgão de decisões do partido - aceitou o pedido de Wen, de acordo com fontes do “Hong Kong Daily”. Analistas citados pela mídia local ressaltam que a solicitação do premier também demonstra que ele pode estar interessado em usar a situação como uma chance de colocar em prática a “Lei da Luz do Sol”, que requere que oficiais de alto escalão do governo disponibilizem uma declaração de bens para o público.
- Mesmo que Wen queira tornar pública sua declaração de bens, não acredito que outros oficiais de alto escalão, que possam ter ‘riquezas escondidas’, irão permitir que ele vá em frente. Considerando, ainda, as repercussões sociais explosivas que isso pode acarretar na população - disse o especialista.
Advogados da família do premier já negaram todas as acusações levantadas pelo “NYT”. Segundo a reportagem do jornal novaiorquino, registros e documentos corporativos mostram que a mãe de Wen, seus irmãos, filhos e a esposa acumularam uma riqueza de US$ 2,7 bilhões depois que o líder comunista se tornou vice-premier, em 1998.
De acordo com o “NYT, Yang Zhiyun, a mãe de 90 anos do primeiro-ministro, teria feito um investimento de US$ 120 milhões em uma empresa de serviços financeiros; no passado, ela foi professora no Norte da China, enquanto o pai de Wen foi cuidador de porcos.
Após a divulgação da reportagem - publicada tanto na edição em inglês quanto na edição em mandarim do jornal - a reação do governo chinês foi imediata: os acessos ao “NYT” foram bloqueados. No principal serviço de microblogs do país, similar ao Twitter, buscas por “Wen Jiabao” ou “New York Times” caíam em uma mensagem que informava que o conteúdo não poderia ser exibido em função de “leis relevantes”.
Na semana passada, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores na China, Hong Lei, afirmou que a denúncia do jornal americano “tem segundas intenções”, e que o artigo tem como objetivo desprestigiar o país.