RIO - Poucos viram o filme de duas horas, mas a distribuição de trechos no You Tube e a publicidade do polêmico pastor americano Terry Jones bastaram para incitar protestos violentos no Egito, na Líbia e provavelmente em breve em outros países islâmicos. "Inocência dos muçulmanos" mostra o rosto do profetá Maomé - algo proibido no Islã, além de mostrá-lo tendo relações sexuais e colocando-se em xeque como portador da palavra de Deus. Após os confrontos em Benghazi e no Cairo, o diretor Sam Bacile está escondido, mas continua expressando seu ódio ao Islã, religião que ele chamou de "câncer".
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Entre alguns dos insultos à fé islâmica, o filme mostra Maomé como um namorador, que aprovava o sexo entre crianças. "Conta a vida de Maomé", explicou para a imprensa um porta-voz do pastor Jones na terça-feira de noite, quando foi exibido um trecho de 13 minutos em sua igreja em Gainesville, na Flórida."É uma produção americana que não tem como objetivo atacar os muçulmanos, mas sim mostrar a ideologia destrutiva do Islã", disse, em comunicado, o próprio Jones, famoso por queimar em público um exemplar do Alcorão.
O produtor do filme é o americano-israelense Sam Bacile, um notório anti-Islã, de 56 anos. Do lugar onde está escondido, Bacile chamou os muçulmanos de "câncer" e negou que seu filme seja religioso.
- É um filme político - declarou ao "Wall Street Journal", dizendo que seu trabalho vai ajudar os judeus a transmitir ao mundo os perigos do Islã.
Bacile contou que financiou o filme com US$ 5 milhões doados por judeus, cujos nomes se recusou a revelar. Sessenta pessoas trabalharam, junto com uma equipe técnica de outras 45, nas filmagens que duraram três meses na Califórnia. Ainda que tenha tido um grande impacto na mídia, o retorno comercial foi quase nulo. Até agora, o filme só foi projetada uma vez, no início do ano, em uma cinema quase vazio de Hollywood.
Ao saber da morte do embaixador americano Christopher Stevens em Benghazi, Samile expressou seus sentimentos e disse ter a "impressão de que o sistema de segurança (das embaixadas) não é adequado".