Friday, 5 April 2013

ONU suspende distribuição de comida em Gaza por ataques

GENEBRA - A Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta sexta-feira que vai suspender todas as operações de distribuição de ajuda alimentar na Faixa de Gaza, depois que manifestantes atacaram um de seus escritórios. A medida se segue a uma série de violentos protestos ao longo da semana. Na quinta-feira, dezenas de pessoas invadiram um escritório da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio (UNRWA), irritados com falta de pagamento mensal às famílias pobres, suspenso na segunda-feira em consequência de cortes orçamentários da organização. Outros países afetados com os cortes da ONU são os que acolhem os refugiados sírios. A ONU alertou também nesta sexta-feira que em breve ficará sem dinheiro para lidar com o vasto afluxo de refugiados da Síria para a Jordânia e outros países vizinhos.
- Não haverá comida amanhã - disse o porta-voz da agência Adnan Abu Hasna, que fornece alimentação, educação, saúde e outros serviços para os cerca de 815.000 refugiados palestinos.
Segundo as Nações Unidas, todos os centros de ajuda e de distribuição de Gaza “serão fechados até que os grupos envolvidos ofereçam as garantias necessárias para que as operações da UNRWA aconteçam sem problemas”.
A entidade completou que está em “uma situação verdadeiramente lamentável, na medida em que a distribuição de alimentos afeta atualmente 25.000 refugiados a cada dia. Mas não podemos tolerar as ameaças constantes a nossos funcionários”.
Aumento de refugiados sírios supera expectativas da ONU
O número de refugiados da crise na Síria tem repetidamente superado as expectativas da ONU. Os 1,25 milhão de refugiados, dos quais três quartos são mulheres e crianças, superam em 10% o que se esperava que fosse o total até junho.
- As necessidades estão crescendo exponencialmente, e estamos quebrados - disse Marixie Mercado, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef ), numa entrevista coletiva na sede da ONU em Genebra.
Como há também 3,6 milhões de refugiados internos na Síria, e nenhum fim visível para o conflito de dois anos, existem grandes chances de que o êxodo continue aumentando.
- Desde o começo do ano, mais de 2.000 refugiados passaram pelas fronteiras (com a Jordânia) a cada dia. Esperamos que esse número mais do que duplique até julho, e triplique até dezembro - disse Mercado. - Até o final de 2013, estimamos que haverá 1,2 milhão de refugiados sírios na Jordânia - equivalente a cerca de um quinto da população jordaniana.
O impacto da falta de verbas incluiria a suspensão na entrega de 3,5 milhões de litros de água por dia no campo jordaniano de Za'atari, que abriga mais de 100 mil refugiados, a maioria mulheres. Quase 11 mil sírios chegaram na semana passada a Za'atari, segundo a Organização Internacional para a Migração.
Autoridades da ONU disseram que a escassez de verbas afeta a região inteira, não só a Jordânia, e todas as agências humanitárias. Embora as agências humanitárias até agora tenham conseguido evitar grandes problemas entre os refugiados, policiar uma população enorme e crescente tem se tornado um grande desafio.
O órgão da ONU para refugiados (Acnur) registrou vários protestos em Za'atari no final de março, por causa da escassez de ônibus para levar refugiados de volta à Síria. Há também casos de pessoas tentando contrabandear itens para fora do campo, e violência por causa da distribuição de novas caravanas. Os outros países que recebem um grande número de refugiados sírios são Líbano, Turquia e Iraque.