Friday, 29 March 2013

Presidente italiano tenta recrutar apoio para formar nova coalizão

ROMA - Com o fracasso do líder centro-esquerdista Pier Luigi Bersani em sua tentativa de formar um governo - depois da inconclusiva eleição italiana de fevereiro - caberá ao presidente Giorgio Napolitano, de 87 anos, iniciar nesta sexta-feira uma nova rodada de consultas com os partidos e buscar outra solução para o impasse político no país.
Bersani se reuniu com Napolitano na noite de quinta-feira para informar sobre o resultado negativo da sua tentativa de formar um governo. O seu bloco de centro-esquerda elegeu a maior bancada, mas não conseguiu formar maioria no Senado. Um porta-voz de Bersani disse que ele não desistiu de formar um governo, mas o partido centro-direitista Povo da Liberdade, do ex-premier Silvio Berlusconi, ironizou o líder rival, dizendo que ele gastou um mês numa infrutífera busca de apoio.
Bersani, do Partido Democrático, rejeitou as ofertas de Berlusconi para formar uma coalizão ampla unindo esquerda e direita. Por outro lado, foi esnobado pelo alternativo Movimento 5 Estrelas, do comediante Beppe Grillo, que recusa qualquer aliança com os partidos tradicionais.
Napolitano já disse que é contra a convocação de novas eleições, mas suas opções estão limitadas. Elas incluem a nomeação de alguma personalidade de fora dos partidos para comandar um gabinete de tecnocratas - situação igual à do atual premiê interino, Mario Monti -, ou então a formação de uma coalizão transpartidária. A possibilidade de Monti permanecer no cargo diminuiu nesta semana, quando a repentina demissão do chanceler Giulio Terzi expôs tensões dentro do governo interino.
Mas o fracasso de Bersani em costurar um acordo mostra que até um novo governo tecnocrata pode ter dificuldades em ser aprovado no dividido Parlamento, ampliando as chances de que uma nova eleição seja convocada.
No entanto, isso só poderá acontecer depois que o Parlamento eleger um novo presidente para o lugar de Napolitano, cujo mandato termina em meados de maio. Pela Constituição, um presidente não pode convocar eleições em final de mandato.
O impasse na Itália, que tem a terceira maior economia da zona do euro, é observado com crescente preocupação na Europa, onde a crise do Chipre já causa inquietação nos mercados.
Na quinta-feira, o principal indicador da confiança dos mercados - a diferença nos juros pagos entre Itália e Alemanha nos seus títulos públicos com vencimento em dez anos - subiu para 350 pontos-base, cerca de 30 pontos a mais do que antes da eleição de 24 e 25 de fevereiro.